Ser

Para nós, a verdadeira sustentabilidade só pode ser alcançada se trabalharmos as várias dimensões que compõe o Ser. Muitas vezes os desafios da realidade, trazem-nos necessidades que vão para alem de conseguir desenvolver mecanismos para viver de forma mais leve no planeta, mas incitam-nos a trabalhar para conseguir mudar e aprofundar a nossa relação connosco próprios e o mundo. Neste caminho é importante olharmos para a relação com o nosso próprio Ser, observando em nós a maneira como aplicamos a harmonia no nosso dia a dia. 

Vivendo num mundo em constante e rápida mudança, atravessando tempos de crise global, alguns de nós sentem a necessidade de fazer algo para mudar e juntamo-nos a grupos de ativistas em campanha pela consciência ambiental e justiça social. Felizmente estes movimentos, têm surgido um pouco por todo o mundo, na tentativa de preservar o que ainda resta dos recursos naturais e modelos tradicionais de vida, ao mesmo tempo tentando reverter o rumo do percurso trágico que a humanidade parece estar a seguir. Às vezes, estamos tão convencidos que o mundo precisa de ser salvo, que trabalhamos dia e noite para salvar o planeta, esquecendo de cuidar do nosso próprio bem estar. Muitas vezes, sem nos apercebermos, a nossa mente está desorientada, anda á deriva numa viagem sem fim de projeções, imaginações, memórias e pensamentos aleatórios, deixando de dar atenção ao momento presente. É importante dedicar tempo nas nossas rotinas para nos observarmos, cuidarmos e darmos atenção ao que está a acontecer por baixo da superfície das nossas "águas". 
Cuidar do nosso ser, pode querer dizer encontrar tempo e espaço para relaxar e tranquilizar a mente, desenvolver as nossas qualidades internas e enfrentar os nossos  medos e dúvidas, para que o nosso Ser possa emergir e manifestar-se de forma plena. Para que possamos ser verdadeiros com os outros, primeiro precisamos ser verdadeiros e honestos connosco próprios. Nesta perspetiva, cuidar da nossa paisagem interna de espiritualidade, torna-se tão importante como cuidarmos da paisagem externa de sustentabilidade, precisamos cuidar do solo tanto quanto precisamos cuidar de nós próprios. 
Experienciando a vida em ligação com a Natureza, acompanhamos os seus ciclos de perto, apercebemo-nos como estão tão intrinsecamente ligados ao nossos, as estações e ritmos da terra acompanham os nossos próprios ritmos. A dimensão interior e exterior estão ligadas, a nossa mente faz parte de uma mente coletiva, e por isso se queremos reparar as coisas lá fora, temos que ter calma e clareza cá dentro. Tal como diz Satish Kumar " o mundo é o que nós somos e o mundo é como nós o vemos".  Se procurarmos a felicidade cá dentro, em vez de em objetos, relações ou outros aspetos externos, estaremos a basear-nos numa filosofia de vida que nos poderá levar a desenvolver o nosso sentido de gratidão e satisfação com aquilo que somos e aquilo que temos. Alcançar isto pode ser uma tarefa bem mais difícil do que semear uma horta, plantar uma floresta ou construir uma casa pois implica lidar e trabalhar hábitos e aspetos profundos da vida. 
A meditação e o yoga têm sido ferramentas maravilhosas que aplicamos nas nossas vidas e rotinas diárias, que nos ajudam a pôr em prática estes princípios e a treinar a nossa mente a cuidar do nosso "jardim interior". 
 
"Se a mudança que queres ver no mundo" Mahatma Gandhi